quinta-feira, 14 de abril de 2016

Outra vez-Clevane Pessoa.

OUTRA VEZ!
A garra agarra a chance.
Desespero de não cair
-e se cair, morrer.
Força a força para a ponta da mão,
onde os dedos são pétalas
distorcidas e roxas.
A queda começara quando o amor
descobriu que era apenas um disfarce.
Que sob seu nome exigências e cobranças
faziam desmaiar as esperanças de paz a dois.
Quando o prazer das delícias diluiu-se
nas mesmices.
Quando o tempo de descobrir,
cedeu a técnicas ridículas.
Quando a obrigação sufocou o prazer
dos primeiros tempos a dois.
A mentira cresceu e derramou-se qual uma gosma
sobre o corpo de suas almas, antes translúcidas e resilientes.
A lucides se foi.
O ciúme a encobrir o desafeto,
provocou contendas
e até o tálamo
tornou-se campo de batalha.
A criatura, desesperada, tenta salvar...O que ? A quem?
Já nem sabe!Mas as forças rapidamente
a abandonam.
Os dedos se abrem a desenhar no ar a última flor daquela história.
E a queda é fenomenal, apenas seu grito ,de perplexidade , embora,
resta nos ares a correr anos luz de desespero.
Percebe agora que não cultivara -e o amor
necessita de semeadura, rega, sol e adubo.
Que sem confiança, os grãos não medram
para a seara futura.
Esqueceram , percebe, que não reservaram alguns
para ter reservas
na terra do desejo...
Que a Paz é necessidade absoluta
e os que se amam necessitam de mãos dadas
e coração aberto, generoso.
Que é preciso generosidade para construir a dois.
Que o Perdão existe e nada disso antes soubera...
 de sementes
Então, porque é humana, a criatura
ferida, enfraquecida, arrasta-se pelas escarpas
e lança-se ao mar.O sal é curativo,
embora ardam-lhe as feridas.
Então, a esperança de ser feliz de per si e pelo Outro,
imediatamente, reinstala-se...
E qual o formidável mar em seu movimento eternal,
tudo recomeça ,as forças retornam, mesmo sem saber
quem será a nova pessoa escolhida para o exercício da [amorosidade
ou se aprendeu a lição dos tempos vividos há pouco.
Tudo recomeça...
© Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horizonte, MG, Brasil
Publicado originalmente em http://canteiro de versos.blogspot.com
*blog de Alberto Peyrano-poeta e psicanalista argentino.

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